terça-feira, 14 de junho de 2011

Analisando videoclipes...

Esses dias eu estava assistindo o clipe Oração, da Banda Mais Bonita da Cidade. Embora a música seja repetitiva, achei o clipe muito interessante, alegre e contagiante.
Tenho observado algumas pessoas criticando a banda, baseando-se apenas nessa música, Oração. Porém, como eu queria formar uma opinião minha sobre a banda, então resolvi assistir os outros clipes, enfim, achei as outras músicas ótimas, criativas, com letras viajantes e poéticas... Me lembram bandas como Ludov, Beirut, ... Numa levada bem leve. É ótimo para quem curte esse tipo de som.

Entretanto, devo admitir que a ideia do clipe (muito bom, por sinal), não é tão inovadora quanto alguns estão pensando. Fazendo uma pesquisa sobre o estilo do clipe, com uma espécie de plano-sequência, a câmera seguindo alguém... E tal... Achei uma matéria muito interessante, do colunista Guilherme Bryan, que explica melhor o que estou tentando explicar para você:



Guilherme Bryan
Guilherme Bryan


Um videoclipe para chamar atenção precisa ter algo de diferente, criativo e inesperado, correto? Bem, não foi o que aconteceu em maio, quando uma produção brasileira com ares de caseira, “Oração”, dirigida por Vinicius Nisi, para a curitibana A Banda Mais Bonita da Cidade, se tornou um viral tão potente que ganhou inúmeras versões, tornou a banda famosa e a levou a vários programas de televisão. Em 11 de junho, havia tido mais de 5 milhões de acessos no YouTube.
Mas o que fez tantas pessoas se interessarem em assisti-la? Talvez o fato de os integrantes serem gente como a gente ou de quem gostaríamos de sermos amigos, tal a alegria que transmitem; a música ser agradável, quase uma cantiga sem grandes novidades; e a produção ser marcada pela simplicidade, o que é reforçado pela iluminação quase naturalista, com alguns tons mais escuros. Qualquer um pode fazê-la, com uma câmera na mão.


No videoclipe, o que se vê é uma espécie de plano-sequência, com alguns cortes mascarados da maneira mais óbvia e alguns ágeis e espertos movimentos de câmera, que mostram, aos poucos, os integrantes cantando e ocupando diferentes cômodos de uma casa. O câmera persegue o tempo todo o vocalista principal, que conduz a narrativa, escutando-se, inclusive, os ruídos dos passos na escada. Nada muito diferente do que já foi visto e realizado inúmeras vezes, tanto no videoclipe como no cinema, cujo ápice foi o filme “A Arca Russa”, de 97 minutos de duração e realizado em 2002 pelo cineasta russo Aleksandr Sokurov.
Houve até quem levantasse suspeita de “Oração” ser um plágio do videoclipe “Nantes”, realizado pelo diretor Vincent Moon, para a banda norte-americana Beirut, em 9 de agosto de 2007 e que é citado na introdução da produção brasileira, como uma espécie de dedicatória. As duas produções, inclusive, começam exatamente do mesmo modo, com o vocalista descendo uma escada, com a câmera o perseguindo. Aos poucos, ele vai encontrando os outros músicos pelo caminho.


Mas é difícil apontar quem copiou quem, uma vez que a técnica utilizada nas duas produções e a adoção do plano-sequência no interior do mesmo espaço são bem manjadas. Para ficarmos apenas nas produções nacionais, em 1999, a banda paulista Ira! estrelou “Bebendo Vinho”, dirigido por Carmine Bagnato, Lula Maluf, Beto Grimaldi. O clipe começa com o vocalista Nasi chegando num apartamento de bicicleta e, a partir daí, a câmera mostra-o sentado na cama e se lamentando, e os outros músicos tocando numa casa vazia e em diferentes situações, de acordo com a letra da música e com a câmera percorrendo cada um dos cômodos para localizá-los e acompanhar os passos de uma atriz.


Em 2005, foi a vez da banda paulistana Ludov estrelar o videoclipe “Kriptonita”, dirigido por Daniel OG, em que a vocalista Vanessa Krongold aparece carregando um bebê e caminhando pelos diferentes ambientes de um apartamento, onde vai encontrando os companheiros de banda e mudando de figurino. Alguns detalhes são bem interessantes, como um display de prédios caminhando; um relógio com os ponteiros circulando em alta velocidade, como se o tempo estivesse passando rapidamente, sensação reforçada pela cromaticidade das imagens; e uma cortina atrás da janela com o céu e um sol desenhados. Apenas no último minuto é que aparece uma infinidade de cortes rápidos no rosto da cantora e de várias crianças, o que, inclusive, fornece certo charme e evidencia ainda mais o plano-sequência.


Outro plano-sequência realizado em ambiente interno no videoclipe brasileiro foi “Consumado” (2004), da cineasta Monique Gardenberg, com o cantor Arnaldo Antunes. Ele começa sentado na janela de um casarão, depois caminha e dança com figuras inusitadas, como bailarinas e cantoras gêmeas, até chegar ao filho Brás, que simula tocar guitarra. No final, há uma inusitada dança de Arnaldo Antunes a frente de todos os personagens, que brinca um pouco com a coreografia dos mortos-vivos do videoclipe mais citado por essa coluna, “Thriller”.


Essa lista das produções nacionais não para por aqui, o que só demonstra o quanto esse tipo de técnica já foi utilizado, mas ainda é capaz de agradar e muito, como aconteceu com “Oração”, da Banda Mais Bonita da Cidade.

Fonte: Yahoo
Para quem quiser seguir a banda no twitter: @bandamaisbonita


Enfim, espero que tenha gostado. Comente também sua opinião! 

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