Por: Lívio Oliveira
Quanto a Khrystal, não vou e nem quero criticar as entusiásticas bajulações das marias-vão-com-as-outras que a diva popular vem recebendo em decorrência de sua já vitoriosa participação no programa. Isso é normal e, de certa forma, até esperado e aceitável. Ou será que Khrystal iria querer ficar sem os muitos elogios e paparicos, sinceros ou não, que vem recebendo ao longo desses dias? Os “elojoios” também fazem parte, claro! Somente peço que vão muito além disso e que percebam uma coisa, a princípio oculta, mas essencial nesse momento: a força “política” dos grandes lances de ousadia que a nossa cantora potiguar tem empreendido nessa dura batalha artístico-musical.
Quem pensa que Khrystal apenas trabalha um projeto de realização pessoal está muito, muitíssimo enganado. Ela está, sim, dando forma e liderando uma pequena revolução no formato estético meio que pasteurizado imposto pela Globo, o que talvez ainda não tenha sido percebido pela grande massa que assiste ao programa e talvez sequer pelos críticos de TV (se é que existem!). E ela tem colocado na vitrine a pujança e a firme qualidade da excelente música que se faz no Rio Grande do Norte há um bocado de tempo (os exemplos e nomes são tão numerosos que não caberiam jamais aqui).
Quero acreditar que a própria cantora/compositora tem a plena consciência da mudança de paradigmas que está trazendo nesse instante de certa letargia na cultura brasileira e na padronização estética vivenciada, inclusive e principalmente na música que chega às rádios e TVs. O que quero realçar mesmo é que Khrystal deverá realizar valiosas e sagradas transgressões (a dramática interpretação de “A Carne” sinalizou bem nesse sentido) até o final da edição do programa. De certa forma, tem nos trazido um pouco do sentimento dos velhos e bons festivais, em que não se trabalhava a fórmula de “show de calouros de luxo”. Khrystal vai além, muito além, levando suas cargas emocional, social e criativo-artística que rompem qualquer barreira. E, além de tudo, ergue altaneira sua voz e a bandeira da Música Potiguar Brasileira, esse mesma que o grande Manoca ergueu com dignidade. Que o nosso povo nunca esqueça o que fizeram e têm feito esses e tantos outros nomes da música do RN em prol dessa grande arte! Oxalá!
Fonte: Tribuna do Norte
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